Os preços do milho no mercado físico vêm reagindo nos últimos dias. Ontem, o indicador
CEPEA acumulou alta de 1,02%, sendo que no mês essa alta já é de 3,75%. Entre os motivos para essa reversão de tendência estão: a
atual demanda para recomposição dos estoques dos
setores consumidores; o aumento das exportações em
setembro; e a expectativa de grande redução do plantio desse cereal nessa safra.
A forte alta observada em Chicago também serve de
fator altista para o mercado interno, já que aumenta as expectativas de melhora na paridade de exportação. Mesmo com a desvalorização do Dólar contra o Real, essa alta na
Cbot está sendo mais
significativa. A expectativa naquele país é sobre a entrada de uma frente fria levando geadas para as regiões produtoras a partir desta quinta-feira. Além disso, a desvalorização do Dólar contra as principais moedas mundiais e os ganhos no petróleo também impulsionaram o mercado.
Acompanhando todo esse cenário, as cotações futuras na
BM&F estão em alta.
Tecnicamente, o mercado está testando uma resistência posicionada próxima a R$ 22,30 / saca. Para o contrato com vencimento em
novembro, essa resistência está a R$ 21,30 / saca.
Contudo, devemos atentar que, apesar da alta nas exportações em
setembro (716,3 mil toneladas), o volume exportado ainda está abaixo do necessário para atingir as estimativas públicas e privadas de
exportações para este ano. Estas estimativas apontam para algo entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas, mas até o momento somente 4,6 milhões de toneladas foram exportadas. Assim, seria necessário exportar, pelo menos, 800 mil toneladas mensais para se atingir o esperado. Ou seja, ainda há forte dependência da continuidade dos leilões da
Conab para viabilizar as exportações. O próximo está programado para esta quinta-feira (8) e especula-se que este seja o último leilão dessa
safrinha.
Acredito que as cotações encontrarão forte resistência contra uma alta acima do
atual nível de preços na
BM&F e que há grande possibilidade de realização de lucros no momento.
Para os especuladores de plantão, vejo uma oportunidade de arbitragem no mercado. Observem que o spread Safra x Entressafra (Mai/2010 x Jan/2010) fechou e tenta voltar à normalidade, ou seja, o contrato safra (Mai/2010) ficar com cotação menor que o contrato pra entressafra (Jan/2010). Contudo, acredito que essa diferença voltará ao nível que estava antes dessa recuperação nas cotações. Os motivos são vários: 1) a redução de área plantada nesta safra; 2) as exportações abaixo do esperado; 3) Possibilidade de encerramento dos leilões da Conab; 4) Elevado nível dos estoques; e 6) Safra recorde nos EUA. O único fator que poderia inviabilizar esta análise, em meu ponto de vista, seria uma forte quebra de safra norte americana com esta geada que está prevista. Isso provocaria o aumento da paridade de exportação no mercado interno, possibilitando uma retomada da demanda. Contudo, acho essa possibilida bem remota.