segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ANP estuda mecanismos para aperfeiçoar a comercialização de etanol no Brasil

A Agência Nacional do Petróleo avalia hoje a proposta de criação de uma empresa de comercialização de etanol formada por várias usinas e também mecanismos para dar liquidez aos contratos futuros desta commodity da BM&F.


A proposta da criação de uma empresa de comercialização tem por finalidade aumentar o poder de financiamento das usinas e também participar de operações de warrantagem junto ao governo - operação em que o governo obtém recursos com a emissão de títulos no mercado externo para financiar o setor produtivo nacional. O objetivo é possibilitar o financiamento de estoques, diminuindo a pressão sobre os preços nos momentos em que o mercado estiver com excesso de ofertas.

Essa proposta se assemelha à tentativa dos usineiros de criar, em 1999, uma única empresa para centralizar a comercialização e estoques, mas que foi barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 2002. A diferença, segundo Jank em entrevista à Agência Estado, é que essa nova empresa agregaria somente algumas empresas e grande parte da comercialização ficaria sob responsabilidade das demais usinas.

Outro ponto em avaliação é a criação da figura de um agente comercializador (pessoa física ou jurídica) com isenção de PIS/Cofins e do ICMS sobre a comercialização de contratos futuros de etanol. Assim, a figura do especulador entra em cena no mercado de etanol, aumentando o volume de negociação e aumentando a liquidez do mercado.

No primeiro caso, da criação de uma empresa de comercialização, não vejo muita diferença quanto ao que se tentou lançar em 1999. O risco de criação de um cartel após autorização seria o mesmo que do passado. Contudo, vejo com bons olhos a possibilidade de criação da figura do agente comercializador e da isenção dos impostos para comercialização nos mercados futuros. A possibilidade de ver um mercado futuro com liquidez (o que não é a realidade atual) e poder participar dele como especulador pode ser um grande passo para o agronegócio brasileiro.

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As cotações da soja iniciam o dia em queda no eletrônico da Cbot

As cotações da soja encerraram a semana em forte alta, suportada pela forte demanda asiática pela soja norte americana em um momento de estoques muito apertados. O receio de que geadas comprometam as lavouras ao final do ciclo também fez parte do ambiente de negociação da Cbot, principalmente após a previsão de queda de temperaturas com possibilidade de geadas em algumas regiões no final de semana. Contudo, as geadas não ocorreram e parte das compras especulativas podem ser liquidadas com vendas nesse início de semana. Na verdade o eletrônico já demonstra esse cenário baixista do dia.

Tendência para o dia na BM&F: baixa
  • Gráfico das cotações da soja setembro/09 da Cbot:
  • Cotações do complexo soja no mercado interno

Mercado aguarda, para hoje, novos editais dos leilões da Conab

Sem grandes novidades nos fundamentos, o mercado de milho segue lento e sob pressão baixista. Nos leilões de PEP realizados pela Conab nessa última sexta-feira (28), foram negociados 75% do volume ofertado, sendo que no MT foram arrematados 100% das 500 mil toneladas enquanto nos demais Estados a demanda não ultrapassou os 30%. Os participantes desse mercado atentam agora para a divulgação de novos leilões, contudo, sem deixar de lado de acompanhar as cotações internacionais. A Conab já foi autorizada pelo governo para realizar mais leilões para subsidiar a comercialização em até R$ 250 milhões ao mercado de milho. Tal volume de recursos, segundo analistas, é suficiente para subsidiar a comercialização de 3 milhões de toneladas de milho. Na BM&F, as cotações acompanham a situação dos fundamentos e seguem de lado.

Tendência para o dia na BM&F: cotações devem seguir de lado.

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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Forte demanda por soja continua dando suporte às cotações

Em chicago, a forte demanda pela soja norte-americana tem dado significativo suporte às cotações, impedindo que estas recuem mesmo com a expectativa de safra recorde nos EUA. As vendas semanais para exportação, divulgadas ontem pelo USDA foram de 2 milhões ante uma expectativa de 1,6 milhão de toneladas. Essa pode ser ainda maior diante dos riscos incorridos pela safra chinesa do cereal. A demanda interna norte americana também ficou acima do esperado, segundo relatório de industrialização divulgado ontem pelo Census Bureau. Esse cenário se reflete em estoques apertados nos EUA e, particularmente, acredito que deve ditar uma tendência altista nos próximos dias.

Contudo, no médio prazo, devemos atentar para a intenção de plantio no Brasil. Devido ao cenário de preços baixos do milho e elevado nível dos estoques desse cereal, a inteção de plantio de soja deve aumentar significativamente em detrimento do milho. Esse fator, juntamente à colheita norte americana, pode significar uma reversão dessa tendência de alta.

Tendência para o dia: alta.

  • Gráfico da Soja Chicago para Novembro/09



  • Cotações do complexo soja no mercado físico

O mercado de milho volta suas atenções para os leilões de PEP da Conab

Hoje, os participantes do mercado de milho voltam suas atenções para o leilão de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) da Conab. Serão ofertados prêmios para subsidiar o frete de 760 mil toneladas das regiões produtoras para o mercado externo ou nordeste. Segundo agentes desse mercado, os prêmios para o Paraná não são atrativos pois estão abaixo do custo do frete. Já para Mato Grosso, os prêmios foram considerados atraentes. A finalidade do governo é diminuir a pressão baixista sobre os preços no mercado interno.

Contudo, o sucesso dessa estratégia depende da continuidade desses leilões e do aumento das exportações. Isso porque a comercialização, tanto para o mercado interno quanto externo, foram muito fracaas. O volume exportado no primeiro semestre desse ano somou 3,54 milhões de toneladas de milho. Como resultado, os estoques estão completamente cheios, mesmo antes do final da colheita da safrinha.

Diante desse cenário, as primeiras estimativas de intenção de plantio já apontam para uma drástica redução da área plantada. No Paraná, segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), essa redução será superior a 20% naquele Estado.

Enquanto isso, na BM&F as cotações futuras seguem de lado, com os participantes aguardando maiores definições no cenário dos fundamentos de oferta e demanda.

Tendência para o dia (BM&F): Baixa

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O mercado de milho segue com comercialização lenta

O mercado físico de milho iniciou a semana sem grandes novidades, ou seja, comercialização travada e mercado aguardando os leilões da conab. Em parte, as chuvas que atingem a região Centro-Sul do país estão atrasando a finalização da colheita e auxiliam na redução da pressão de oferta.

Na BM&F, após um dia de volatilidade, as cotações fecharam no mesmo patamar da sexta-feira. Ontem, a atenção ficou voltada para a forte alta nas cotações da soja na Cbot. A notícia altista veio da China, onde a seca nas regiões produtoras está prejudicando as lavouras. A expectativa de que essa alta da soja pudesse levar consigo as cotações do milho foi inevitável. Contudo, os ganhos do milho na Cbot foram marginais.

O mercado deve continuar sob predomínio da pressão baixista e aguardando os resutados dos leilões da próxima sexta-feira (28). Segundo informações do Ministério da Agricultura, a intenção do governo é prosseguir com leilões semanais e apoiar a comercialização de 3 milhões de toneladas. Caso essa informação se confirme, as cotações podem iniciar um movimento de recuperação. Contudo, a inteção de plantio para a safra 2009/10 é quem deve ditar os rumos das cotações futuras. Particularmente, eu acredito que essa intenção de plantio sofrerá forte queda em relação ao ano passado.

E você caro leito? Quais suas expectativas? Deixe seus comentários e sugestões para que possamos tornar esse blog mais útil.

Tendência do dia: deve ficar estável.




Soja fecha em forte alta diante dos riscos da safra chinesa

O mercado de soja iniciou essa semana com fortes ganhos na Cbot, impulsionados pela compra agressiva de fundos de investimento. O principal fator que ativou o apetite dos fundos foi uma notícia vinda do outro lado do mundo, da China. A safra de soja naquele país está ameaçada pela seca que atinge a região produtora. Ou seja, a forte demanda que a China vinha tendo pela soja norte americana tende a aumentar e pressionar ainda mais os estoques dos EUA nos próximos meses. A possibilidade de a safra norte americana enfrentar as geadas de outono devido ao atraso no desenvolvimento das lavouras pode ser mais um fator altista para a oleaginosa, contudo, é muito incerto apostar nisso agora. Tecnicamente, o mercado rompeu a resistência formada em torno de US$ 10,70 / bushel e que agora deve ser encarada como suporte. A forte alta de ontem pode abrir espaço para realização de lucros, devolvendo parte dos ganhos.

Tendência do dia: possibilidade de realização de lucros.

  • Cotações da Soja Cbot para Setembro/09



  • Cotações da Soja no Mercado Físico

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Cotações da soja acompanham mercados financeiros e fecha em alta

As cotações da soja encerraram essa sexta-feira em alta na bolsa de Chicago (CBOT), acompanhando o bom desempenho dos mercados acionários, a consequente desvalorização do dólar e alta nas cotações do petróleo.

O atraso no desenvolvimento das lavouras norte-americanas ainda é citado em boa parte dos analistas como um fator de risco, pois pode expor a produção às geadas de outono dos EUA. Contudo, ainda é cedo para avaliar essa hipótese com algum grau de confiabilidade. Na verdade, as chuvas que atingiram e que são previstas para o Meio-Oeste dos EUA são benéficas e todas estimativas, privadas e governamentais, para a lavoura daquele país apontam para um índice de produtividade e de produção recorde.

Mesmo assim, acredito que esse fator não será suficiente para ditar uma tendência baixista já que a demanda também vem se mostrando forte. Na semana passada, foram reportadas vendas da ordem de 900 mil toneladas dos EUA para a China.

Particularmente, eu acredito que as cotações da soja devam acompanhar de perto o comportamento dos mercados financeiros até aproximar a colheita norte-americana.

Tendência para o dia: alta.

Conab divulga retomada dos leilões

Diante de um mercado com baixo volume de negocios, elevado nível dos estoques e preços sob pressão baixista, os produtores receberam bem a notícia de retomada dos leilões da Conab, divulgada nessa última sexta-feira.

Serão realizados, no próximo dia 28 (sexta-feira), leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para subsidiar o frete de 760 mil toneladas do cereal. Deste volume, serão destinados 500 mil toneladas de PEP ao Mato Grosso, sendo 200 mil toneladas no norte do Estado (Prêmio = R$6,66), outras 200 mil toneladas no meio-norte (Prêmio = R$ 6,06/saca) e mais 100 mil toneladas no Sul do Mato Grosso (Prêmio = R$5,46/saca). Também serão ofertados 80 mil toneladas para Goiás e Distrito Federal (Prêmio = R$ 3,18/saca), 80 mil toneladas para o Mato Grosso do Sul (Prêmio = R$ 3,78/saca) e 100 mil toneladas para o Paraná (Prêmio = R$ 1,74/saca). Os prêmios foram considerados bons, o que deve atrair os compradores.

Os leilões subsidiarão a exportação de parte do excedente de milho existente hoje, auxiliando na normalização dos níveis dos estoques nacionais. Contudo, o futuro da produção brasileira e a tendência dos preços ainda está muito dependente das cotações internacionais e do câmbio.

Na Cbot, as cotações encerraram a sexta-feira em alta, com o mercado influenciado pelo bom desempenho das bolsas americanas, das cotações do petróleo e pela desvalorização do dólar. Apesar disso, os fundamentos ainda apontam para um cenário baixista, diante da expectativa de recorde do suprimento de milho (produção e estoques de passagem) nos EUA para esta safra. A única preocupação é que o atraso no desenvolvimento das lavouras, grande parte devido ao atraso no plantio, possa significar perdas com as geadas de outono dos EUA.

Os produtores que ainda não definiram seu planejamento agrícola para esta safra, devem acompanhar atentamente esse cenário internacional na definição da área a ser cultivada com milho nessa safra 2009/2010, cujo plantio se inicia no próximo mês. Pessoalmente, eu acredito que haverá uma redução substancial da área cultivada com milho, principalmente nas regiões mais distantes dos centros consumidores domésticos e dos canais de exportação.

Na BM&F, o último dia da semana passada iniciou com uma leve alta que foi devolvida ao longo do dia, encerrando no mesmo nível do dia anterior. No after-market, as cotações voltaram a subir com a notícia de retomada dos leilões. Esta semana, o mercado deve acompanhar mais de perto a paridade de exportação.

Tendência para o dia (BM&F): alta

  • Cotações do Milho BM&F para Todos Contratos em Aberto
Fonte: BM&F

  • Cotações do Milho BM&F para Setembro/09

  • Cotações do Milho Cbot para Setembro/09

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Com mercado cauteloso, as cotações da soja fecham em leve baixa

As cotações da soja encerraram essa quinta-feira em leve baixa, praticamente estáveis. O dia foi de cautela nos mercados, onde a relativa estabilidade nos mercados financeiros e as dúvidas sobre os riscos incidentes sobre a lavoura norte-americana deixaram os participantes mais retraídos, diminuindo assim o volume de operações na bolsa de Chicago. Além disso, as vendas semanais para exportação, divulgadas ontem pelo USDA, seguem fortalecendo o suporte às cotações. Foram realizadas vendas de 274,9 mil toneladas de soja para exportação nos EUA, um volume 6% acima do realizado na semana anterior. No mercado interno, apesar da valorização do Real e da leve baixa nas cotações da Cbot, os preços nominais apresentaram ganhos nas principais praças de negociação, devido à forte demanda local pelo grão. Nos próximos dias, a preocupação com os riscos climáticos sobre a lavoura norte americana, assim como a situação nos mercados financeiros, devem continuar sendo o principal foco de atenção dos participantes desse mercado.

Tendência do dia para BM&F e Cbot: alta.
  • Cotações da Soja Chicago para Setembro/09

Reinhold Stephanes anuncia aprovação de R$ 1,6 bilhões para auxílio ao mercado agrícola

O ministro Reinhold Stephanes anunciou ontem que foram aprovados os R$1,6 bilhões, pedidos pelo ministério da agricultura aos da fazenda e planejamento, para realização dos leilões da Conab. Segundo Stephanes, é esperado para hoje que saia a portaria conjunta dos ministérios da Fazenda, Planejamento e da Agricultura liberando os recursos para a realização dos leilões. O mesmo também apontou como data mais provável para realização do primeiro leilão o dia 28. O primeiro leilão será na modalidade de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), subvenção paga ao comprador que adquirir milho ao preço mínimo estabelecido pelo governo. A expectativa agora é sobre o prêmio que será ofertado pelo governo, já que depende disso a atratividade dos leilões. Por exemplo, o preço mínimo estabelecido pelo governo para o Mato Grosso é de R$ 13,20/saca, sendo que hoje o preço do milho em Sorriso é de R$ 8,15/saca. Neste caso, o PEP ofertado deve ser de, pelo menos, R$5,05/saca. O suporte às cotações de milho hoje dependem em grande parte do sucesso desses leilões. Espera-se que este subsídio auxilie no aumento das exportações, as quais foram de apenas 153,5 mil toneladas em julho/09 ante 376,3 em julho/08. No acumulado, as exportações somam 3,5 milhões. Estima-se que, para diminuir a pressão sobre o mercado interno, é necessário a exportação de, pelo menos, 8 milhões de toneladas nessa safra.
Tendência do dia para BM&F: as cotações devem ficar estáveis.

  • Cotações do Milho BM&F para Setembro/09:

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Cotações da soja fecham em baixa na Cbot

As cotações da soja fecharam em baixa ontem em Chicago, com mercado pressionado pelo bom desenvolvimento das lavouras nos EUA. Especula-se que a produção naquele país será recorde esse ano. Mesmo assim, ainda há riscos para a produção. Isso porque o USDA vem reportando atraso no desenvolvimento da lavoura, o que pode atrasar a colheita e expor a produção aos riscos de geada no outono dos EUA.
Na Cbot, as cotações futuras, que iniciaram o dia em forte baixa, se recuperaram no decorrer do dia mas ainda fecharam no vermelho. O mercado da soja acompanhou a desvalorização do dólar e forte alta do petróleo. Essa correlação deve continuar nos próximos dias, com a soja acompanhando o Dólar e petróleo.

Tendência do dia: alta.

Chuvas no Centro-Sul dificultam a colheita do milho

As chuvas que atingem o Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul dificultam a continuidade da colheita na região, diminuindo a pressão de venda local. Contudo, o cenário segue baixista, com um mercado de demanda fraca. A expectativa está sobre a liberação dos recursos federais para realização dos leilões pela Conab. Segundo entrevista concedida por Reinhold Stephanes, o aval dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento para liberação dos recursos (R$ 1,6 bi) direcionados para a retomada desses leilões pode ser dado ainda hoje. Acompanhando essa situação, as cotações futuras da BM&F fecharam em mais um dia de baixa.



Tendência do dia: baixa.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Análise Diária do Mercado de Soja

As cotações da soja fecharam em leve valorização ontem na bolsa de Chicago. Foi um movimento de correção técnica, ou seja, os traders vendidos aproveitaram a desvalorização do dólar e consequente alta nas cotações do petróleo para comprar soja e realizar lucros.

A sequência de desvalorização da soja, até essa segunda-feira, colocaram as cotações futuras da soja em um novo patamar, sobre o qual deve ficar oscilando. Essa banda de oscilação terá como fator de pressão baixista o bom desenvolvimento das lavouras americanas e, como suporte às cotações, a forte demanda chinesa e baixo nível dos estoques norte-americanos.

Nos próximos dias a soja deve continuar acompanhando a situação dos mercados acionários, principalmente do dólar e petróleo.

Tendência do dia: baixa.

Análise Diária do Mercado de Milho

Os produtores de milho seguem aguardando uma decisão do governo sobre a continuidade dos leilões da Conab para escoamento do cereal.

Em Mato Grosso, devido à lentidão do mercado em termos de comercialização e ao avanço da colheita, os estoques estão abarrotados e muitos produtores armazenam sua produção ao ar livre. A situação não é muito diferente nos demais estados do Centro-Sul do país. Em São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, as chuvas retardam o avanço da colheita e dão relativo suporte às cotações, devido à preocupação com a qualidade dos grãos.

Em entrevista dada à Agência Estado, o presidente da Aprosoja apontou a necessidade urgente de retomada dos leilões (solução pontual segundo ele) e dos investimento em logística no Brasil (solução mais correta).

Diante desse cenário baixista para as cotações do milho, a perspectiva é que a produção do próximo ano seja significativamente reduzida. Os produtores deixarão de plantar milho em favor da soja, cujos preços estão muito mais remuneradores. Esse cenário se reflete sobre as cotações futuras na BM&F, que estão em um nível muito baixo e, lentamente, seguem essa tendência.

Tendência do dia: Baixa.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Análise Diária do Mercado de Milho

As expectativas de que nesse segundo semestre haveria uma maior demanda para exportação de milho está se esvaindo. Por esse motivo, os participantes do mercado acompanham, desde início de junho, a derrocada nas cotações futuras de Chicago e BM&F. Com a fraqueza dos negócios e o avanço da colheita, os estoques estão em níveis cada vez mais elevados, principalmente no MT, onde a colheita já atinge algo em torno de 90% da área cultivada. No Paraná, as chuvas que atrapalharam a colheita até início de julho, estão de volta e preocupam os produtores devido à possibilidade de prejudicar a qualidade do milho. Seguindo esses fundamentos, as cotações futuras do milho na BM&F seguem sua tendência de baixa, a exemplo do que acontece no mercado físico. Ontem, no after da BM&F, mais um suporte foi rompido a R$ 19,85/saca encerrando o dia a R$ 19,70/saca. Esse novo patamar é também um suporte, estabelecido no dia 31 de julho, contudo, ele tem pouca relevância e tem grande possibilidade de ser rompido ainda hoje.

Tendência: baixa

  • Cotações do Milho BM&F para Setembro/09

Análise Diária do Mercado de Soja

As cotações da soja seguem pressionadas pelo bom desenvolvimento da safra dos EUA e pela valorização do dólar contra as principais moedas internacionais. Ontem foi o terceiro dia consecutivo de forte queda na bolsa de Chicago (Cbot). Agora, após essa sequência de baixas, o mercado já começa a encontrar, tecnicamente, suportes mais consistentes. A forte demanda mundial pela soja, mesmo nos piores momentos dessa crise, é o principal fundamento contribuíndo para fortalecer os próximos suportes. Contudo, no curto prazo, a força desse mercado contra novas baixas vai depender do comportamento dos mercados financeiros. Devemos atentar para o Dólar.


Tendência para o dia: deve seguir testando suporte.

  • Cotações da Soja Cbot para Setembro/09 (US$/bushel)

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Análise Diária do Mercado de Milho

Os preços do milho no mercado físico seguem sob forte pressão baixista, ditada pela ausência de demanda para exportação. As cotações internacionais, tendo a Cbot como referência, também estão em tendência de baixa devido à fraqueza do setor de produção de etanol nos EUA e à expectativa de uma boa safra nos EUA. Sem demanda para exportação, as cotações devem seguir pressionadas, já que a demanda interna não é suficiente para equilibrar os estoques. As saídas possíveis para essa situação são a continuidade dos leilões da Conab, para escoamento da produção para fora do país e/ou problemas com a safra norte americana. Essa última possibilidade é, a cada dia, menos provável. Contudo, devido ao atraso no plantio norte americano, ainda há riscos de que as lavouras possam enfrentar geadas. Na BM&F, as cotações seguem os fundamentos e não têm forças para sair da zona de suporte correspondente a R$ 19,85 / saca no contrato de setembro/09.

Tendência: Grande possibilidade de baixa, rompendo o suporte.


  • Cotações do Milho BM&F para Setembro/09.

Análise Diária do Mercado de Soja

As cotações da soja sofreram forte desvalorização no pregão de sexta-feira na Cbot, atingindo o nível mais baixo desse mês. A valorização do dólar, decorrente do desempenho negativo dos mercados acionários, pressionou o mercado, desencadeando as ordens de vendas. Os fundamentos também contribuíram para a baixa, já que as condições climáticas estão favoráveis ao desenvolvimento da safra norte americana. A cada dia é menor o risco sobre as lavouras americanas, contudo, devido ao atraso no cultivo, a possibilidade de que as lavouras passem por geadas ainda não foi descartada. A tendência é que o mercado siga atento aos movimentos dos mercados financeiros e, principalmente, à situação do dólar contra as demais moedas internacionais. Vale lembrar que, como as cotações da soja são dolarizadas, uma valorização dessa moeda encarece o produto e, consequentemente, diminui o poder de compra das outras nações.

Tendência: baixa.

  • Cotações da Soja CBOT para Setembro/09

domingo, 16 de agosto de 2009

Como iniciar suas operações na BM&FBovespa

Nesse artigo descreverei todo procedimento necessário para que uma pessoa (ou empresa) possa iniciar suas operações de compra e venda de futuros (café, soja, milho, dólar, etc) e/ou ações na BM&FBovespa. Como acima dito, o procedimento é o mesmo idependentemente se o leitor é um investidor ou um Hedger. Portanto, o artigo não foge ao foco desse blog.


1. O primeiro passo é a escoolha da corretora pela qual o cliente irá realizar suas operações de mercado. Segue abaixo os principais ítens a serem avaliados:


  • Avalie o Home Broker da corretora (para investidor)

Um ponto muito importante para escolha da corretora é avaliar o Home Broker oferecido. Essa ferramenta é uma plataforma de negociação que possibilita ao investidor operar de qualquer lugar com acesso à internet via browser, dispensando a necessidade de ligar para a corretora para passar as ordens de compra e venda. Vale ressaltar que, com relação aos mercados futuros - BM&F, os Home Brokers somente possibilitam a negociação dos mini-contratos.

Na avaliação do Home-Broker, o investidor deve atentar para os seguintes pontos:

Em alguns Home-Brokers a taxa de atualização das cotações é demorada, o que pode significar perda de oportunidades e bem provavelmente perdas. Portanto, verifique se o Home-Broker tem atualização em real-time. Nesse mesmo quesito, o tempo de execução das ordens também deve ser imediato.

Grande parte dos investidores operam com estratégias de proteção contra perdas excessivas, que são chamadas Stop Loss. Além dessa, outra estratégia muito utilizada no mercado é a definição de um preço objetivo, onde o investidor realiza os lucros desfazendo a operação. Essa é a estratégia de Stop Gain. Verifique se o Home Broker permite a colocação de ordens de stop (gain/loss).

A disponibilização de gráficos e ferramentas de análise gráfica é essencial para que o investidor possa desenhar e acompanhar suas estratégias. Também é importante que esses gráficos tenham uma atualização rápida. Em média, a taxa de atualização é de um minuto.

Ao realizar uma negociação, sempre verificamos os preços no mercado como base para a tomada de decisão. Na bolsa não é diferente, ao comprar ou vender é necessário verificar as ofertas de compra e de venda dos demais participantes do mercado. Isso é verificado através do livro de
ofertas. O Home-Broker deve possuir o Livro de Ofertas com a listagem das quantidades, preços e corretoras que estão negociando o ativo que se deseja comprar/vender.

Um bom Home Broker deve disponibilizar em sua interface uma ferramenta de controle financeiro das operações, onde o cliente possa acompanhar e avaliar sua carteira de ativos, sua rentabilidade e os custos incorridos nas operações (Corretagem e Impostos).

Um ponto mais difícil de avaliar, porém extremamente importante, é a estabilidade de conexão do Home Broker. Imagine vocês aguardando uma oportunidade e seu Home Broker travar! Este é um problema encontrado na maioria dos Home Brokers, contudo, sua avaliação só é possível através da tentativa.

  • Compare as taxas de corretagem

A BM&FBovespa estipula a Taxa Operacional Básica (TOB), como base (valor máximo) para a corretagem sobre as operações em ações e futuros. A partir dessa taxa, as corretoras estabelecem políticas de descontos que variam de acordo com seu mercado alvo, na disputa pela captura do maior número de clientes.


Nesse contexto, a principal diferença observada no mercado quanto à taxa de corretagem é que algumas corretoras ofertam uma taxa fixa enquanto outras adotam a Taxa Operacional Básica - pela qual o custo da operação varia de acordo com o volume financeiro. Assim, a vantagem entre uma ou outra forma de taxação vai depender do volume de negociação e cada caso merece uma avaliação individual.

Devido à diversidade de promoções das corretoras e à diversidade do volume de negociação dos leitores, tentar escrever essa análise se tornaria muito prolongada e cansativa para todos nós. Contudo, para não deixar meus leitores "na mão", elaborei uma planilha de análise de corretagem para lhes auxiliar nessa tarefa. Ela está disponível no menu AgroDownloads.

Para finalizar esse item, recomento aos leitores que nunca deixem de negociar descontos com suas corretoras! Quanto maior o volume de recursos que você tenha para investir, maior seu poder de barganha.

  • Verifique a disponibilidade e qualidade das análises da corretora

As boas corretoras sempre disponibilizam aos seus clientes uma gama de serviços de apôio à tomada de decisões, sejam elas de investimento ou de hedge. Estes serviços podem ser relatórios de análises de empresas e/ou mercados (soja, milho, boi, dólar, macroeconomia, etc), ou mesmo analistas prontos para explicar aos clientes os principais acontecimentos e expectativas. Em muitos casos o cliente não tem tempo para acompanhar o mercado e precisa estabelecer um relacionamento mais próximo com o broker, o qual manterá um contato constante com o cliente por telefone, passando ao mesmo as oportunidades desejadas. Portanto, verifique a disponibilidade e qualidade dos serviços de apôio à tomada de decisão da corretora.

2. O segundo passo é preparar as documentações necessárias para o cadastro na corretora escolhida

O cadastro na corretora obedece critérios estabelecidos para cada tipo de cliente. Na grande maioria dos casos os documentos exigidos do cliente são os listados abaixo:

  • pessoa física (PF):
  1. Cadastro da corretora;
  2. Declarações e Autorizações;
  3. Contratos (de acordo com o que o cliente deseja operar) BM&F, Bovespa, Internet, Tesouro e BTC;
  4. Cópia autenticada de RG e CPF;
  5. Cópia autenticada de comprovante de endereço;
  6. Cópia autenticada de certidão de casamento (se for o caso);
  7. Cartão de assinatura com firma reconhecida;
  8. Contrato de abertura de conta corrente;
  9. Cópia do último IR (para operações na BM&F);
  10. Se o cliente for Hedger (produtor por exemplo), cópia da nota fiscal onde conste os produtos comercializados.
  • pessoa jurídica (PJ):
  1. Cadastro da corretora;
  2. Declarações e Autorizações;
  3. Contratos (de acordo com o que o cliente deseja operar) BM&F, Bovespa, Internet, Tesouro e BTC.
  4. Cópia autenticada do Estatuto Social (S/A) ou Contrato Social (Ltda);
  5. Cópia autenticada da última ata da eleição da diretoria (S/A) ou da última alteração contratual com nome da atual diretoria (LTDA);
  6. Procuração (se houver);
  7. Cópia autenticada do último Balanço assinado por um dos diretores, e pelo contador;
  8. Cartão de assinatura com firma reconhecida;
  9. Contrato de abertura de conta corrente;
  10. Se o cliente for Hedger (produtor por exemplo), cópia da nota fiscal onde conste os produtos comercializados.

3. O terceiro passo é fazer a transferência do dinheiro para a sua corretora

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) estabelece alguns critérios para a transferência de recursos para a conta na corretora. Segue abaixo os critérios:

O recurso deve ser enviado sempre da conta do próprio cliente, titular da conta na corretora;

Os recursos deverão ser enviados por DOC ou TED. Não são aceitos outros tipos de depósito (exemplo: em espécie ou cheque). Nesses casos é necessário comprovar a titularidade do depósito, que pode levar até 5 dias.

4. O quarto passo é começar a operar!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cédula de Produto Rural (CPR)

A CPR é um título de crédito lastreado em produto rural, emitido por produtor rural (Pessoa Física ou Jurídica) ou cooperativa de produtores, com a finalidade de obter recursos para o desenvolvimento de suas atividades (plantio, tratos culturais, compra de maquinário, etc).

Ao emitir uma CPR o produtor se compromete a entregar uma certa quantidade (especificada no título) de sua produção, em data futura, como forma de liquidação do título. Outra forma de liquidação é a financeira, onde o produtor paga o valor referente àquela quantidade de produto que consta na CPR. Além dessas duas modalidades de CPR, a de liquidação física (com entrega do produto) e a de liquidação financeira, há também variações específicas como por exemplo a modalidade de liquidação física com possibilidade de liquidação financeira, a liquidação financeira com possibilidade de liquidação física e outras variações considerando outros títulos do agronegócio. Tudo depende das estratégias de quem está carregando a CPR, ou seja, do comprador do título.

Desde a criação desses títulos, através da lei 8.929 de 1994, sua utilização tem evoluído consideravelmente. Hoje, é um dos principais meios de financiamento ao agronegócio. Entre as vantagens desse título podemos destacar:
  • A vinculação do recurso financeiro obtido pelo produtor a parte de sua produção é um hedge, pois caso os preços caiam, seu custo também será reduzido;
  • A CPR é um título líquido e certo, exigível pela qualidade e quantidade do produto. A liquidação parcial não elimina a exigibilidade do título, sendo anotado a ocorrência no verso do mesmo e ficando o emitente obrigado a cumprir a entrega do saldo;
  • Ela pode ser endossada para transferência e admite hipoteca, penhor e alienação fiduciária como garantia da liquidação do título;
  • Também pode ser garantida fidejusória, ou seja, garantia pessoal com aval bancário ou fiança;
  • Pode ser emitida em qualquer fase da produção (pré-plantio, plantio, desenvolvimento, colheita);
  • Pode ser negociada nos mercados de bolsa e de balcão;
Essas são apenas algumas das vantanges da CPR. Sua crescente importância no financiamento das atividades agrícolas e na comercialização de produtos rurais é resultado de sua adaptabilidade ao atual cenário do agronegócio e também sua confiabilidade. Grandes empresas de insumos, tradings, distribuidores de insumos e outros atores do agronegócio têm se beneficiado desse instrumento no desenvolvimento de suas estratégias. Um exemplo desse sucesso são as operações de barter. Indústrias e distribuidores de insumos têm utilizado essa estratégia com grande sucesso, aumentando significativamente seus lucros e também a disponibilidade de recursos aos produtores rurais.

Operações de Hedge

As operações de hedge são, em português claro, operações de proteção contra as oscilações de preços dos mercados. Esta proteção consiste na venda (ou compra) antecipada de um produto, garantindo uma receita (ou custo) fixo para uma data futura.

Além da venda (ou compra) antecipada, outra forma de se proteger contra oscilações indesejáveis é através das opções. Estas são uma espécie de seguro, onde o indivíduo que o compra tem o direito de vender (ou comprar) certo produto a um preço pré-fixado, enquanto o que vende a opção tem a obrigação de comprar (ou vender) este produto, ao preços acordado, recebendo em troca um prêmio - preço da opção.

Essas formas de proteção acima citados são chamadas de derivativos, pois o preço de seu objeto de negociação (o produto para entrega futura) deriva do preço de um produto negociado no mercado à vista mais as expectativas futuras sobre o mesmo.

Os meios disponíveis para realização de hedge no agronegócio são inúmeros, podendo ser citados como os mais importantes: (Obs.: nos exemplos de mecanismos de hedge das citações abaixo, apenas para efeito de conhecimento, alguns meios de negociação que não se caracterizam como estratégia de hedge)

  • Contratos de compra e venda a termo, ou seja, com data de liquidação futura à de contratação
  • Mercado de títulos de crédito rural
Mecanismos:
CPR - Cédula de Produto Rural
CDA - Certificado de Depósito Agropecuário
WA - Warrant Agropecuário
CDCA - Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio
LCA - Letra de Crédito do Agronegócio
CRA - Certificado de Recebíveis do Agronegócio

  • Bolsas de Derivativos (Termo, Futuros e Opções):
BM&F - Bolsa de Mercadorias e Futuros - São Paulo / BR
CBOT - Chicago Board of Trade - Chicago / EUA
Nybot / ICE - New York Board of Trade / ICE Futures U.S.
Nymex - New York Mercantil Exchange

  • Leilões da Conab
Mecanismos:
Contratos de Opção (compra e/ou venda futuros)
Pepro - Prêmio Equalizador de Preços ao Produtor
Prop - Prêmio de Risco para Aquisição de Produto Agrícola oriundo de Contrato Privado de Opção de Venda (não configura como estratégia de hedge pois o beneficiário do prêmio assume todos riscos de oscilação do preço (alta e baixa) em troca do prêmio)
PEP - Prêmio para Escoamento de Produto
AGF - Aquisições do Governo Federal (não configura como estratégia de hedge porque a compra do governo é a vista)


Dentre todos meios de se executar uma operação de hedge, citados acima, destaco como mais importante os mercados de derivativos. Primeiro porque a forma de atuação desses mercados dá aos seus participantes uma garantia firme de que os contratos (futuros e/ou opções) negociados serão cumpridos. Segundo, porque o grande número de participantes (compradores e vendedores) gera liquidez ao mercado. Isto significa que há grande facilidade para entrar e sair do negócio, ou seja, para comprar e vender antes da data de liquidação do contrato.

Espero ter sido claro o suficiente para que os leitores entendam o significado da palavra hedge. Um de meus objetivos nesse artigo é mostrar que, ao contrário do que muitos pensam, são vários os mecanismos de hedge, muito além dos tradicionais contratos futuros exixtentes nas bolsas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Operações de Barter ou Financiamento Bancário, qual o mais vantajoso?

Um dos financiamentos mais utilizados no setor agropecuário é a chamada operação de barter, ou, em português mais claro, operação de troca. Esta operação consiste, basicamente, na troca de insumos (fertilizantes, defensivos, corretivos, etc) pela promessa de entrega futura da produção (soja, milho, boi gordo, café, etc).

Imaginemos que um produtor de Sorriso/MT precise, em novembro de 2008, adquirir uma quantidade de fertilizante equivalente a US$ 100.000,00 para aplicar no plantio de sua lavoura de soja. O produtor segue para negociar com seu fornecedor a obtenção dos insumos naquele momento para pagamento em sacas de soja na colheita (Abril de 2009). Após algum tempo de avaliação, o fornecedor informa que o produtor precisará garantir, através de Cédula de Produto Rural (CPR), a entrega de 6.486 sacas de soja na época da colheita para conseguir os fertilizantes.

A proposta do fornecedor é justa ou seria melhor pegar o financiamento oferecido pelo banco?

Para poder avaliar qual das duas alternativas é a melhor opção ao produtor é preciso, primeiramente, entender a lógica das duas operações de financiamento.

Quando o produtor decide pelo financiamento tradicional, ele fixa uma dívida cujo custo é explícito, o juros. Caso as cotações da soja sofram queda, sua dívida continua inalterada e assim o produtor poderá arcar com prejuízos caso não tenha realizado uma proteção (hedge) em mercados futuros.

Quanto o produtor se financia através de barter, ele assume uma venda antecipada da produção, recebendo o pagamento em insumos. Nesse caso, ele está se protegendo contra possíveis quedas nas cotações da soja, já que sua dívida está indexada à cotação da soja. Apesar de não estar explícito, há uma taxa de juros embutida nessa operação.

Entre outras avaliações que o produtor deve fazer ao escolher forma de financiar o custeio de sua lavoura, um fator muito importante para sua avaliação é justamente a comparação entre a taxa de juro embutida na operação de barter e o juro do financiamento bancário. Caso o produtor verifique que o juro do barter seja abusivo, maior que do financiamento bancário, ele deve optar pelo financiamento bancário e realizar sua proteção de preços (hedge) por conta própria (melhor: com o auxílio de um especialista!). E vice versa!

Descobrir a taxa de juros da operação de barter será o foco de nossa análise!

Obs.: Para avaliação dessa operação é necessário um nível mínimo de conhecimento de matemática financeira e mercados futuros. Caso haja dúvidas em qualquer ponto da análise, favor postar comentário com sua(s) dúvida(s) para que possamos eliminá-las.

Vejamos então o fluxo da operação de barter para, posteriormente, entender passo a passo o processo de negociação e análise financeira.
Fonte: Azimute Agronegócios.

Processo de negociação para o exemplo citado:

1) O produtor solicita ao fornecedor, na época do pré-plantio (Nov/09), US$ 100.000,00 em insumos para pgto em soja na colheita (Abril/09);

2) O Fornecedor verifica a cotação da soja, na Bolsa de Mercadorias e Futuros, no vencimento/contrato equivalente ao da promessa de pagamento do produtor (maio/09).

Data da negociação: 10/11/2009
Promessa de Pagamento: Abril/09
Contrato Equivalente na BM&F: Maio/2009
Cotação: US$ 20,50 por saca (Paranaguá/PR)

3) O Fornecedor estipula, com base em série histórica, a diferença de cotação entre Paranaguá/PR e a praça de entrega da soja (Sorriso/MT); (Essa diferença é chamada de diferença de base)

Diferença de Base: -US$ 2,00 por saca

4) Assim, o fornecedor chega ao valor local de mercado da soja para maio/09, que é igual à cotação futura menos a diferença de base: US$ 20,50 – US$ 2,00 = US$ 18,50

5) Lembrando que o fornecedor estipulou 6.486 sacas de soja para poder disponibilizar o fertilizante ao produtor. Isso equivale a 6.486 sacas x US$ 18,50 = US$ 119.991,00

Neste ponto, vale ressaltar que o fornecedor já tinha definido o juros a ser cobrado do produtor e o utilizou para calcular o valor total do pagamento futuro de US$ 119.991,00. A taxa de juros é calculada considerando fatores de mercado e também a capacidade de pagamento do produtor (risco de inadimplência).

Agora, para saber qual a taxa de juro implícita nessa operação de barter basta utilizar uma regra clássica da matemática financeira:
VF = VP * (1 + r)

Onde,

VF = Valor Futuro = Valor Local de Mercado de 6.486 sacas de Soja para maio/09 = US$ 119.991,00

VP = Valor Presente = Valor Atual dos Insumos = US$ 100.000,00

r = Taxa de Juros

Portanto: r = (VF – VP)/VP = US$ 19.991,00 / US$ 100.000,00 = 19,99%

Resultado

O produtor está pagando uma taxa de juros implícita de 19,99% para um período de aproximadamente 5 meses. Isso equivale a aproximadamente 3,7% ao mês.



Serão postados no blog maiores informações sobre esse tipo de financiamento ao produtor rural. Caso tenha interesse em algum assunto específico, basta solicitar no blog Azimute Agronegócios.

AgroLinks

Aqui, o leitor da Azimute Agronegócios encontrará links para as principais fontes de informações do agronegócio brasileiro e mundial (bases de dados, análises e relatórios).

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA / ESALQ / USP):
Compania Nacional de Abastecimento (Conab):
Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F)
Associação Brasileira das Indústrias de Óleo Vegetal (ABIOVE)
União da Indústria de Cana-de-Açucar (UNICA)
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC) - com informações e dados estatísticos

Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) - com relatórios e dados estatísticos

Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA):
Agricultural Web - Agweb:
Links de Informações Sobre Biodiesel:


ICE (New York Board of Trade / Nybot)